A bichectomia é um procedimento cirúrgicoestético e ou funcional que está se tornando cada vez mais popular, mas é importante saber do que se trata, quais as indicações e os riscos de tal. A cirurgia consiste na remoção total ou parcial da bola de Bichat. As bolas de bichat foram descobertas em 1732 por Heister, que acreditava que o tecido se tratava de uma glândula. Em 1802 um anatomista francês chamado Marie François Xavier Bichat descobriu que tal estrutura se tratava de uma bola de tecido adiposo (gorduroso) que se localiza na bochecha entre os músculos masseter e bucinador. A bola de Bichat tem como função ajudar na sucção de lactantes, pois pela estreita proximidade com os músculos ela ajuda no deslizamento desses durante a amamentação. A bola gordurosa vai diminuindo de tamanho com o avanço da idade e não tem significância em relação a gordura corporal, pois pesa em média 3,9g e tem 6 mm na maioria dos casos, ela também não participa como fonte de energia para o corpo, então mesmo que a pessoas perca peso as bolas vão continuar com o mesmo volume.

A bichectomia pode ser realizada sob anestesia local, no qual se faz uma incisão intraoral permitindo o acesso a bola que quando removida dá um aspecto mais fino a face, ressalta os ângulos da região do ramo mandibular e malar, fazendo com que o terço médio da face fique menos volumoso. Portanto o procedimento é indicado para pessoas que querem deixar o rosto mais fino, em casos de lesão crônica na mucosa jugal e também quando usadas em aplicações clínicas como: corrigir defeitos no palato, fechar fístulas oronasais, recobrir enxertos ósseos maxilares e corrigir fendas palatinas. Mas não são todas as pessoas que podem fazer a remoção da bola de Bichat, pois há casos em que ela se encontra ausente e as vezes é muito pequena assim não dando um resultado final satisfatório, as vezes a causa do rosto mais arredondado pode ser pela estrutura óssea e ou muscular, assim a remoção da bola não faria diferença. A remoção também é contra indicada em casos de baixo peso ou obesidade e também em pacientes com mais de 50 anos, pacientes de 35 a 50 anos podem realizar o procedimento, mas há possibilidade de flacidez após a recuperação, também deve ser avaliado o estado de saúde do paciente. Portanto é importante que quem deseja fazer tal cirurgia passe por uma avaliação por um profissional capacitado, uma vez que a avalição é somente clínica e ainda não há exames complementares para avaliar o tamanho e localização da bola.

É importante desmistificar alguns conceitos sobre abichectomiacomo ser um procedimento que surgiu recentemente, o que não verdade, pois já vem sendo feita na área medica desde o final da década de 80, portanto se sabe quais os efeitos e riscos de tal. A cirurgia pode ser feita em âmbito clínico somente como anestesia local e mesmo sendo um procedimento simples ela deve ser realizada por um profissional capacitado, assim como cirurgiões dentistas que podem realizar tal procedimento, uma vez que se trata de uma cirurgia oral que além de fim estético há fim um funcional. Outro mito é sobre o envelhecimento precoce após a retirada da bola, isso não acontece pois é um tecido subcutâneo e o tecido adiposo que é perdido com a idade causando assim o aspecto de envelhecimento da pele é mais superficial.

Como a bichectomia é um procedimento relativamente simples, o pós operatório não costuma ter muitas complicações. É esperado que ocorra inchaço, hematoma e dor, mas podem ser controlados com cuidados pós operatórios como fazer compressa fria, repouso relativo e medicamentos que forem necessários como anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos. Mas como toda cirurgia há riscos, alguns mais brandos e outros mais graves, riscos podem ser: problemas na anestesia;infecção; excesso de tecido cicatricial; assimetria; insatisfação estética; desgaste dos músculos pela fricção no decorrer dos anos. Os riscos mais graves podem ocorrer por causa da localização da bola de Bichat que está em contato direto com nervos, vasos e o ducto da glândula parótida. Podendo então ocasionar uma paralisia na face temporária ou permanente em decorrência da lesão do ramo do nervo facial, também pode prejudicar a salivação caso lese o ducto da glândula parótida e também pode ocorrer hemorragia mas normalmente é em decorrência do descumprimento das orientações pós operatórias.

Portanto, é importante procurar sempre um profissional da área que seja capacitado para o procedimento para que ele possa avaliar e propor o melhor tratamento para cada caso e assim minimizar as possíveis complicações.

 

Lídia Antunes Nascimento Costa